O percurso do CEMAD tem
me permitido a aprendizagem crescente a cerca da docência. Tivemos disciplinas
nas grandes áreas de Filosofia, Políticas educacionais, Psicologia e Formação
de professores. Entretanto, as disciplinas da grande área de Didática, mais
especificamente a disciplina de Avaliação da Aprendizagem foi uma das que mais
me encantou.
O que eu sabia sobre
avaliação? A palavra avaliação imediatamente me lembrava de prova, nota. Para
mim, avaliação sempre foi um sistema complicado de percepção de aprendizagem.
Complicado para docentes e alunos. Enquanto aluna, eu me preocupava em aprender
o conteúdo e, com o tempo, poder utilizar o conhecimento para a prática
profissional. Mas quando chegava a hora da prova, eu confesso que não pensava
no aprendizado, mas me concentrava na nota. Muitas vezes até me pegava fazendo
as contas do quanto eu deveria ter de nota para garantir passar de ano. E mais,
para conseguir a nota, eu pensava “o que será que o meu professor espera que eu
responda?” Não no sentido de considerar o meu aprendizado, mas pensando em
reproduzir exatamente o que o gabarito diria.
Depois que comecei a
atuar como docente passei a ver as avaliações com outros olhos. Para mim,
avaliação deveria mostrar o que o aluno aprendeu com as aulas e até onde ele
poderia ir com aquele conhecimento. Consequentemente, eu poderia identificar não
apenas o percurso de formação do aluno, mas também as minhas próprias falhas no
processo de ensino. E aí, mais uma vez, usei os meus professores como
referência na hora de elaborar as provas. Mais uma vez, vi que não concordava
com a maneira como alguns conduziam a elaboração e correção das avaliações.
A disciplina de Avaliação da Aprendizagem
ampliou ainda mais meus horizontes. Passei a ver as avaliações como aliadas e
instrumentos de potencialização do processo de ensino-aprendizagem. Aprendi,
com palavras simples, a definir as diferenças entre avaliação e verificação. E
ainda aprendi um novo termo associado a esse tema: notação, no sentido de
atribuir nota.
Em todos os encontros
da disciplina eu me peguei pensando muito, muito mesmo... E, novamente, me vi
encantada com as diferentes maneiras pelas quais podemos exercer a docência. E
quantos instrumentos diferentes podemos usar para isso...!!! Isso inclui as
avaliações.
Existem dois tipos de
avaliação: classificatória e formativa. Nas avaliações classificatórias o que
se nota é a verificação, constatação e/ou quantificação do conteúdo. A ação é
pontual, imobilizadora, seletiva e o resultado final é a constatação, o
congelamento (Luckesi, 2002). Luckesi (2002) ressalta que a prática escolar
usualmente denominada avaliação da aprendizagem pouco tem a ver com avaliação.
Ela se constitui muito de mais na utilização dos instrumentos de provas e exames,
uma vez que são mais fáceis de serem executadas, do que de avaliação.
Quando, através da avaliação, o
aluno demonstra que aprendeu o conceito ensinado, o professor considera que já
realizou o seu papel de “ensinante” e passa a dizer o novo conteúdo do
programa. Nesse tipo de relação de ensino, o que se requer do aluno é o aprendizado
do conceito enunciado, geralmente, através de memorização. Isso, normalmente,
propicia ao aluno o resultado necessário para sua aprovação na disciplina, no
ano e no curso, porém não garante o “apropriar-se” (Anastasiou, s.d, p. 10).
Por outro lado, a
avaliação formativa baseia-se na ideia de estabelecer juízo de valor sobre algo
que é relevante a fim de permitir a tomada de posição/decisão. De acordo com
Luckesi (2002, p. 33):
Avaliação pode ser caracterizada
como uma forma de ajuizamento da qualidade do objeto avaliado, fator que
implica uma tomada de posição a respeito do mesmo, para aceitá-lo ou para
transformá-lo. A avaliação é um julgamento de valor sobre manifestações
relevantes da realidade, tenso em vista uma tomada de decisão.
A avaliação formativa
não é pontual, mas dinâmica, integrativa, buscando a situação mais satisfatória
e trazendo o aluno para dentro do processo de aprendizagem, uma vez que permite
mapear dificuldades e necessidades reais dos alunos, verificar falhas no
processo de ensino, propor regulações e permitir a autorregulação. Assim, a
avaliação formativa auxilia na proposição de estratégias para a superação das
atividades. A prova representa um bom instrumento desde que ela seja discutida
com os alunos. Para isso, a prova deve ser pensada como avaliação formativa
desde a sua elaboração, a fim de permitir entender se os objetivos do docente
estão sendo alcançados. Uma das grandes diferenças entre avaliação
classificatória e formativa é justamente o que se faz após a coleta de
informações, ou seja, a análise dos dados e a tomada de decisão. Na avaliação
classificatória, o professor verifica o instrumento, muitas vezes com base em
um gabarito rígido, engessado, faz a notação e encerra aquela etapa de
conteúdos. Na avaliação formativa é permitido tanto ao aluno quanto ao docente
acompanhar, por diferentes instrumentos de avaliação, o percurso de formação do
aluno em relação a um tema ou assunto, assim como a ressignificação da
aprendizagem de maneira integrativa.
Mapa conceitual elaborado a partir
da concepção de avaliação formativa durante a disciplina de Avaliação da
Aprendizagem – CEMAD, 2016, pelo grupo de alunos: Andressa Tatielle, Cassilda, Felipe
Casonato, Patrícia Sandrini e eu.
Em minha opinião, este é um dos mais importantes
processos de ensino-aprendizagem. E descobrir este e outros caminhos nesta
direção definitivamente é, para mim, a ressignificação da docência.
“A boa educação é
aquela em que o professor pede para que seus alunos pensem e se dediquem a
promover um diálogo para promover a compreensão e o crescimento dos estudantes”
(William Glasser)
Anastasiou, L.C.G. Ensinar, aprender, apreender
e processos de ensinagem. Disponível em: http://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2015/09/Oficina-3-Desafios-do-trabalho-docente-na-avaliacao-processual-Conteudo-utilizado-1.pdf.
Acesso em 10 Fev. 2017.
Luckesi, C.C. Avaliação da aprendizagem escolar.
13º ed. São Paulo: Cortez, 2002.
Me sinto lisonjeada em saber que a disciplina de Avaliação foi significativa para você.
ResponderExcluirAdorei a analogia que você fez, faz muito sentido. Não conhecia a pirâmide, achei bem interessante.