sábado, 11 de fevereiro de 2017

Problema de Investigação




Uma das minhas inquietações é a postura dos alunos durante a realização das avaliações. Durante uma avaliação, é comum que os alunos se preocuparem com as expectativas dos professores. Sob o ponto de vista do docente, por que isso acontece? Será que os docentes pensam e/ou se preocupam com isso? Ou seja, em alunos mais preocupados em representar as ideias, conceitos e, principalmente, conclusões apresentados pelos próprios professores, na certeza de que aquela é, no mínimo, a opinião do professor e, portanto, existe grande possibilidade da resposta ser considerada correta? Que as avaliações podem gerar dúvida, insegurança, incertezas e instabilidades?


Relevância


Este fato, para mim, é de grande preocupação. Os alunos são, desde o ensino fundamental, doutrinados a “tirar nota para passar de ano”. Essa doutrina é endógena e exógena às escolas, uma vez que fomos e somos formados em um modelo tecnicista, positivista. As escolas exigem, os pais (consciente ou inconscientemente) reforçam a doutrina e a sociedade contribui para isso com a sua parte. Consequentemente, o aluno não se sente a vontade para apresentar a sua própria opinião, seus pontos de vistas, seus argumentos... Por que não dizer até mesmo, em alguns casos, os seus próprios referenciais teóricos. O aluno tem medo de surpreender negativamente. Muitas vezes ele nem sabe que pode ter opinião própria, não se preocupa em buscar formação complementar, criando a situação confortável de receber e reproduzir passivamente os conhecimentos transmitidos.

Não podemos culpar os alunos pela atitude de querer apresentar a resposta exata que seria dada pelo docente. E essa é a herança que vem para os docentes da Educação Superior. Cabe a estes docentes estimular, motivar e conceder oportunidades para que o aluno pense, se autorregule e ressignifique o conteúdo para a aprendizagem significativa e que contribua para a formação crítica e reflexiva. Entretanto, em que momento o aluno é avaliado por aquilo que pensava previamente e aprendeu a pensar durante a formação? Em que momento lhe é dada a oportunidade de expressar os seus conceitos prévios sobre um tema e, posteriormente, outra oportunidade para que demonstre reforços, mudanças, contraposições ou sobreposições de ideia acerca do mesmo tema? E, pensando então em avaliação classificatória vs. formativa, em que momento ele é valorizado ou há notação pela sua transformação pessoal?


É preciso oportunizar espaço e diferentes instrumentos para que isso aconteça. Esta é uma das mais importantes atitudes de um docente no sentido de desenvolver a criticidade do aluno, não apenas no âmbito do cognitivo, mas também do procedimental e do atitudinal. Estes são alguns dos motivos pelos quais vejo que o ponto de vista do docente em relação às expectativas dos alunos nas avaliações deve ser um problema a ser investigado. Afinal, o docente deve pensar em diferentes instrumentos avaliativos que auxiliem a proposição de estratégias para a superação das atividades e promoção da aprendizagem, assim como cabe ao docente promover a construção pessoal e transferências para novas situações, independentemente da notação.

Esclareço que entendo que o aluno tem responsabilidade pela sua formação e sou uma grande defensora das metodologias ativas e de currículos que tenham o ensino com foco no aluno, em que o docente deve atuar para apoiar e mediar o processo ensino-aprendizagem. Entretanto, faço neste momento uma abordagem direcionada ao docente, justamente sob o aspecto de mediação e apoio ao aluno.

Um comentário:

  1. Seu questionamento é bem complexo.
    A parte que você expressa: Cabe a estes docentes estimular, motivar e conceder oportunidades para que o aluno pense, se autorregule e ressignifique o conteúdo para a aprendizagem significativa e que contribua para a formação crítica e reflexiva.
    É uma tarefa bem difícil e nosso corpo docente não tem formação epistemológica e uma práxis que ajude neste sentido. Como vc mesmo mencionou, são profissionais advindos de uma formação tecnicista e isso se perpetua, apesar das inúmeras tentativas de mudança.

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