quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Autoavaliação

Quando iniciei o Blog estava muito apreensiva com o desenvolvimento da atividade. Elaborar um portfólio online nunca foi, na verdade, algo que eu teria feito voluntariamente. Entretanto, confesso que me dobrei a este instrumento logo após as primeiras aproximações. Aliás, aproximação é uma das palavras que representa bem o meu percurso durante a disciplina de Avaliação da Aprendizagem.

Durante toda a disciplina nos foram dadas oportunidades de aproximações sucessivas com diferentes conceitos associados à avaliação formativa e a diferentes instrumentos de avaliação. Eu, que venho de um sistema tradicional de ensino e, portanto, também de avaliações, me vi receosa em alguns desses momentos. É desconfortável sair de um terreno conhecido e encarar novas situações. E mais, na maioria das vezes não nos expomos durante os processos avaliativos. Na disciplina de avaliação de Aprendizagem trabalhamos com diferentes instrumentos de avaliação que, em muitos momentos, não eram individuais. Tivemos inclusive a oportunidade de, nós mesmos, definirmos critérios para a nossa própria avaliação. Penso nessa experiência sendo realizada com alunos de graduação e acredito que somente esta etapa da elaboração de um sistema de avaliação já causaria, na maioria dos alunos, algumas mudanças para o desenvolvimento de habilidades como a autonomia, responsabilidade, maturidade e confiança.

A exposição de ideias durante a disciplina também foi, para mim, um desafio.  Com o desenvolvimento da disciplina, percebi que não era propriamente exposição, mas sim um espaço para a discussão de temas baseados dos meus conhecimentos prévios e adquiridos. E mais... Eram momentos importantes para a desconstrução, modificação e ressignificação de conceitos.

Sobre a elaboração do Blog, antes de inicia-lo “de verdade” eu precisei repensar toda a disciplina. Dediquei um tempo para buscar na memória, nas minhas anotações e em textos trabalhados em sala de aula os conceitos de avaliação formativa. A partir deste momento, considerei que o Blog é uma atividade individual de avaliação e que, no entanto, é de livre acesso a quem interessar possa. É muita responsabilidade expor publicamente informações, conceitos e concepções sem embasamento adequado. Ao mesmo tempo senti que, por ser individual e um instrumento de avaliação contínuo, poderia expor a minha concepção e relacionar conceitos escolhidos por mim com o tema principal a ser tratado. E foi isso o que tornou a atividade gostosa, rompendo a barreira da obrigação e tornando-se uma atividade de formação.

Fico feliz por ter tido a oportunidade de fazer o meu primeiro portfólio online. Como já mencionei, essa atividade não teria acontecido espontaneamente e as aproximações sucessivas permitiram não apenas aprofundar o conceito de avaliação formativa, mas também ampliar este conceito sob a perspectiva de outras concepções.  

A pergunta principal apresentada, ou seja, se os docentes se preocupam com a postura dos alunos durante a realização de uma avaliação em busca da “resposta do gabarito”, é difícil acreditar, embora aconteça, que há docentes acomodados e/ou que desconhecem a concepção de avaliação formativa e, por este(s) motivo(s), não a utilizam. Entretanto, também acredito que muitos docentes estão sujeitos ao sistema educacional rígido e são reféns dos fenômenos acadêmicos, atuando de acordo com a proposta educativa do departamento e/ou instituição. Ainda que a preocupação exista, esta é uma situação em que o docente encontra espaço limitado para o desenvolvimento adequado de suas atividades, e encontra-se forçado a adotar o sistema de avaliação classificatória em detrimento da avaliação formativa.

Por outro lado, há profissionais comprometidos com a sua atividade e que, mesmo em condições adversas, afastam-se do conformismo, da passividade e da desistência e conseguem, de maneira criativa, planejar ações docentes intencionais que permitem a avaliação contínua, progressiva, baseada em critérios que permita não apenas acompanhar a evolução e estimular o pensamento crítico e reflexivo do aluno, mas também identificar possíveis falhas de planejamento, execução e/ou tomada de decisão do docente.

Enfim, estou muito satisfeita com a elaboração do portfólio online e já me vejo pensando em como adotar essa e outras estratégias/instrumentos de avaliação formativa na rotina da minha atividade docente.

Um comentário:

  1. Às vezes costumamos criticar e questionar as razões pelas quais os professores não alteram suas práticas e ai leio aqui na sua postagem uma frase que considero muito relevante e até como resposta a isso: "É desconfortável sair de um terreno conhecido e encarar novas situações". É assim que o professor se sente muitas vezes, navegar em mares desconhecidos é uma aventura que nem todos querem vivenciar.

    Fico muito feliz em ler essa parte: Eram momentos importantes para a desconstrução, modificação e ressignificação de conceitos.

    A ideia do blog foi justamente esta concluída por você. Além disso entendo que o trabalho realizado pelo estudante não deve ter como fim o engavetamento, mas a publicação, a disseminação e a troca com outros.
    Fico muito feliz e percebo, pelo seu relato, que os objetivos foram atingidos.
    Acredito muito que mudanças podem se concretizar a partir do momento em que olharmos para nossos estudantes de outra forma, ou seja, como sujeitos do processo, os quais precisam vivenciar diversas experiências em seu processo formativo. Experiências essas que lhes permitam elaborar e reelaborar seu pensamento, vivenciar conflitos cognitivos, interagir, planejar, sintetizar e como você apontou anteriormente: ensinar uns aos outros.
    Adorei o seu blog, vi você (enquanto pessoa) em cada momento e não somente um estudante cumprindo uma tarefa. Isso é fundamental para o desenvolvimento e sucesso de um trabalho.
    Parabéns e sucesso.
    Grande abraço

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